É provável que muita gente nunca tenha ouvido tanto falar no TEA quanto atualmente. Mas ainda há dúvidas sobre o que realmente é o TEA, como é diagnosticado, como funciona o procedimento e tratamento e se há cura.
O TEA é conhecido também como transtorno autístico (autismo), transtorno/Síndrome de Asperger, transtorno desintegrativo da infância, transtorno global ou invasivo do desenvolvimento sem outra especificação e é considerado um dos Transtornos do Neurodesenvolvimento.
Existem vários transtornos do neurodesenvolvimento, como a Deficiência intelectual, TEA, Transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH), e Dislexia. O Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5) agrupa esses transtornos sob o nome de Transtornos do Neurodesenvolvimento.
O que todos esses transtornos têm em comum?
Todos esses transtornos têm início na infância ou adolescência e são caracterizados por déficits que acarretam prejuízo nas atividades de vida diária, como na vida pessoal, social, acadêmica ou profissional. Esses prejuízos podem ser extensos ou específicos, acarretando desde deficiências intelectuais quanto prejuízo apenas na leitura por Dislexia, por exemplo.
Crianças com TEA, logo nos primeiros meses de vida podem demonstrar alguns sinais de dificuldades de interação social, como dificuldades no contato visual, parecem não ouvir quando são chamadas, não sorriem em resposta ao outro, não compartilham seus interesses chamando alguém próximo para fazer algo em conjunto e não “partilham a diversão”, preferindo ficarem sozinhas. Outras crianças se desenvolvem normalmente até aproximadamente 2 anos de vida, quando começam a regredir e apresentar essas dificuldades.
O que é o diagnóstico e como ele é feito?
No diagnóstico será detectado se o paciente possui comportamentos, sintomas e características que possam ser enquadrados no transtorno. No Transtorno do Espectro Autista, o diagnóstico é clínico, ou seja, é feito por meio da observação de um profissional. Características do Transtorno do Espectro Autista
Nem todas as pessoas com TEA são iguais. Algumas apresentam comprometimentos severos e comprometimentos globais, enquanto outras, apresentam dificuldades tão leves que comumente passam a vida inteira despercebidas. Mas todas as pessoas que são consideradas TEA costumam ter:
1. Dificuldades para se comunicar e se relacionar adequadamente com as pessoas;
2. Comportamentos repetitivos, como querer sempre falar ou fazer algo da mesma maneira;
3. Interesses por vezes muito particulares e restritos, ex. por antenas de televisão, itinerários de ônibus, dinossauros, entre outros.
Muitos ainda apresentam comportamentos motores repetitivos e alterações sensoriais, como interesse por cheirar, lamber objetos e sensibilidade a sons, levando essas pessoas a cobrirem os ouvidos com suas mãos.
O TEA tem cura?
A ciência avançou muito em relação ao TEA, porém ainda não se sabe a causa já que a doença é resultado de variações genéticas simultâneas em múltiplos genes. Apesar de ainda não existir cura, existem algumas formas de tratamento. O sucesso dos tratamentos depende de:
1. Iniciar o quanto antes as intervenções. Quanto mais rápido se inicia os tratamentos, melhores serão nos resultados na eficácia, na funcionalidade e na qualidade de vida das pessoas com TEA.
2. O tratamento ser intensivo, ou seja, quanto mais horas for feito, melhor será a repercussão na vida da criança.
3. As intervenções de ensino devem ser planejadas, repetidas e estruturadas.
4. Envolvimento dos familiares, incluindo técnicas de treinamento para os pais. Quanto maior o envolvimento dos pais e aplicação das técnicas ensinadas a eles, melhor será o desenvolvimento de seus filhos.
De 60 a 70% das crianças que tem Transtorno do Espectro Autista têm algum nível de atraso no desenvolvimento, o que exige que os recursos para a aprendizagem sejam específicos. Já as pessoas com autismo leve apresentam faixa normal de inteligência e cerca de 10% possuem habilidades acima da média para sua idade.
Principais dificuldades apresentadas por crianças com Autismo
Os comportamentos mais difíceis das crianças com TEA são: limite baixo para frustrações, distração, irritabilidade, falta de atenção, hiperatividade, repetição compulsiva, isolamento, instabilidade de humor e movimentos de mãos estereotipados.
Estratégias para intervenção com pessoas com TEA.
Treinamento dos pais
Uma das estratégias de tratamento mais utilizada conta com a participação dos pais ou responsáveis. Afinal é a família que mais interage e estimula o comportamento das crianças. Sem o auxílio deles é difícil estabelecer um tratamento que funcione. O problema é que grande parte dos pais não tem suporte e orientação para auxiliar seus filhos em suas necessidades específicas.
Análise Aplicada do Comportamento – ABA
Metologia de Análise Aplicada do Comportamento (ABA – Applied Behavior Analysis) é uma ciência que visa a análise do comportamento, na qual uma série de procedimentos é aplicada para melhorar o comportamento socialmente adaptável e a aquisição de novas habilidades através de práticas intensas.
Tratamento e Educação para Crianças Autistas e Crianças com Déficits relacionados com a Comunicação (TEACCH).
É um serviço clínico e programa de treinamento profissional baseado na sala de aula. Desenvolvido na Universidade da Carolina do Norte, em Chapel Hill, e iniciado em 1972 por Eric Schopler, tem sido amplamente incorporado nos contextos educativos e contribuído para uma base concreta de intervenções do autismo. É também chamada de estrutura de ensino, porque tem como base a evidência e a observação de que indivíduos com autismo compartilham um padrão de comportamentos, formas que os indivíduos pensam, comem, se vestem, compreendem seu mundo e se comunicam.
Os mecanismos essenciais da estrutura de ensino consistem na organização do ambiente e atividades de maneiras que possam ser compreendidas pelos indivíduos, além do uso dos seus pontos fortes em habilidades visuais para suprir habilidades relativamente mais fracas, uso dos interesses especiais dessas pessoas para motivá-las no aprendizado; e apoio ao uso de iniciativa própria em comunicação significativa.
Psicoterapia em abordagem cognitivo-comportamental (TCC)
Abordagem psicológica tem resultado em melhoras nos quadros de ansiedade, autoajuda e habilidades de vida diária. O acompanhamento pode acontecer tanto em grupos, quanto individualmente, dependendo dos objetivos estabelecidos.
Existe remédio para Autismo?
Não há um remédio para o TEA, porém muitos médicos receitam medicações para sintomas associados ao autismo. Essas medicações são usadas para controlar sintomas como insônia, hiperatividade, impulsividade, irritabilidade, auto e hetero agressões, falta de atenção, ansiedade, depressão, sintomas obsessivos, raivas, ataques de cólera, comportamentos repetitivos ou rituais. Muitos estudos têm relatado também grande número de problemas psiquiátricos em pessoas com TEA.”